O Submarino Titan e as Lições de Negócios: Quando o Ego Fala Mais Alto que os Dados
- Reaction Consultoria
- 27 de ago.
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INTRODUÇÃO
Em junho de 2023, o mundo acompanhou atônito a tragédia do submarino Titan, que implodiu durante uma expedição para explorar os destroços do Titanic. A investigação revelou falhas técnicas e, sobretudo, falhas de gestão e liderança que contribuíram para o desastre.
Embora tenha ocorrido no contexto de uma expedição submersa, os erros cometidos trazem lições poderosas para o mundo dos negócios. Afinal, muitas empresas enfrentam diariamente dilemas semelhantes — ainda que em menor escala — quando líderes deixam de ouvir especialistas, ignoram sinais de alerta ou colocam a vaidade acima da racionalidade.
1. O Ego do Líder vs. a Inteligência Coletiva
O CEO da OceanGate, empresa responsável pelo Titan, foi acusado de ignorar alertas de engenheiros e especialistas que apontavam para riscos sérios na estrutura do submarino.
Lição de negócio: Em qualquer empresa, quando o ego do líder se sobrepõe à escuta ativa da equipe, o resultado é decisão baseada em opinião, não em evidência. Isso pode gerar produtos falhos, estratégias equivocadas e até crises irreversíveis.
Prática recomendada: Crie uma cultura em que especialistas tenham voz ativa e possam discordar do CEO sem medo de represália. O bom líder não precisa ter sempre a última palavra, mas sim a decisão mais bem embasada.
2. Dados vs. Intuição
Relatos mostram que houve sinais técnicos emitidos por vários sensores de que o Titan poderia não suportar a pressão das profundezas, mas ainda assim o projeto seguiu adiante.
Lição de negócio: A intuição é valiosa, mas nunca pode substituir dados concretos e análises técnicas. Muitas empresas insistem em “achismos” ou em decisões baseadas apenas em percepções de mercado, negligenciando indicadores objetivos.
Prática recomendada: Crie processos decisórios que equilibrem inovação com métricas claras de viabilidade e segurança.
3. O Perigo de Inovar sem Limites
O Titan foi apresentado como um submarino inovador, mas sua inovação não passou por todas as certificações técnicas exigidas. O desejo de ser “disruptivo” falou mais alto do que a responsabilidade.
Lição de negócios: Inovação não significa correr riscos irresponsáveis. Em empresas, acelerar lançamentos ou cortar etapas de validação para “ser o primeiro” pode destruir valor em vez de criá-lo.
Prática recomendada: Busque inovação responsável, equilibrando velocidade com rigor em testes, certificações e análises de risco.
4. A Cultura da Soberba
Muitos relatos indicam que havia uma cultura interna onde as críticas eram minimizadas e os riscos subestimados.
Lição de negócios: Quando uma organização se fecha em torno da visão de um único líder e ignora sinais de alerta, cria-se uma bolha de confirmação. No curto prazo, isso pode dar sensação de eficiência; no longo prazo, leva a falhas catastróficas.
Prática recomendada: Incentive uma cultura de transparência, onde problemas são vistos como oportunidades de correção e não como ameaças à hierarquia.
CONCLUSÃO
No caso do Titan, o CEO buscava reconhecimento como pioneiro e visionário e por isso ignorou todos os alertas emitidos por seus especialistas, os relatórios gerados, os indicadores negativos, as respostas dos sensores instalados no submarino. Demitiu funcionários indiscriminadamente quando estes o alertava sobre os problemas, mantendo somente os que aceitavam sua visão.
Tenho certeza que você já trabalhou em uma empresa ou área que tinha esse tipo de líder, a diferença é que no caso do Titan, o resultado foi um acidente fatal. Mas várias empresas e áreas afundam por conta dos mesmos erros.
Entendam que o papel do líder não é estar acima de todos, mas o guardião da segurança e sustentabilidade do negócio. O líder é responsável por garantir que o time, o produto e os clientes estejam protegidos. E o sucesso de longo prazo é construído com responsabilidade.
O Titan é um lembrete doloroso de que decisões de negócios têm consequências reais. Muitas empresas não lidam com profundidades oceânicas, mas lidam com mercados competitivos, clientes exigentes e riscos financeiros significativos.
Quando líderes deixam de ouvir suas equipes, ignoram dados ou colocam o ego acima da prudência, o resultado pode nem sempre ser uma tragédia humana , mas certamente será uma tragédia empresarial.
Em tempos em que a inovação e a disrupção são palavras de ordem, a lição mais importante talvez seja: ousar, sim; mas sempre com responsabilidade.
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